terça-feira, 20 de abril de 2010

Foto da Semente de Sucupira

Sementes de Sucupira,uma planta típica do Cerrado , podem ser usadas no tratamento do câncer de próstata

O tronco retorcido finca raízes profundas no solo do Cerrado.A Sucupira espalha as sementes pelo interior do Brasil, mas dá mais do que flor e sombra. É de uso comum. Nos rincões do país ,a semente da Sucupira é um santo remédio.
Entrevista com Mary Ann Folglio- pesquisadora da Unicamp:
"A Sucupira tem o uso popular. Um aluno nosso quis comprovar se o uso popular realmente funcionava. Foi aí que começamos a estudar a sucupira para inflamação e também encontramos vários relatos para dor."
Os pesquisadores fazem questão de desfazer o mito de que tudo o que é natural não faz mal. Pode fazer sim. Substâncias produzidas pelas plantas podem ser tóxicas. O organismo humano encontra dificuldades em digerí-las ou absorvê-las. No caso da Sucupira o que a população já sabia, a ciência confirmou.
Ao longo de 11 anos cientistas estudam o poder medicinal da Sucupira nos laboratórios do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e agrícolas da Universidade de Campinas, o CPQBA.
Entrevista com Mary Ann Folglio- pesquisadora da Unicamp:
"Atualmente já conseguimos comprovar que as sementes da sucupira tem substâncias envolvidas com o processo da inibição da dor e da inflamação e de câncer com uma seletividade para o cancer de próstata.
Aproveitamos os modelos que temos no CPQBA que são modelos in vitro de linhagens de células tumorais humanas e avaliamos essas células tumorais. Observamos que essas substâncias e os extratos da sucupira eram capazes de inibir o crescimento dessas células que foram tiradas de células de tumores humanos.
Os pesquisadores coordenados pela doutora Mary Ann Foglio querem agora descobrir se a substância da sucupira pode ser colocada em cápsulas, comprimidos ou injeções sem perder o efeito. Para que a planta se torne um medicamento muitas análises ainda precisam ser feitas. Mas os cientistas já reconhecem: encontraram uma riqueza que brota no solo do cerrado- um bioma rico em plantas medicinais, mas muito ameaçado.
Entrevista com Mary Ann Folglio- pesquisadora da Unicamp:
"Quanto mais árida, mais adversas as situações que alguém é sujeito mais você tem que agir para sobreviver. É isso que acontece com as plantas do cerrado. Elas estão em um lugar árido, sem muitos nutrientes e a planta precisa sobreviver. O que ela faz? Ela produz essas substâncias como uma resposta para a sobrevida dela. Igual aos humanos: quanto mais adversidades colocare mais se vai lutar para sobreviver.


Foto da Aveloz

A Avelóz, árvore encontrada no nordeste brasileiro, poderá virar remédio no combate ao câncer de mama

Em vez de folhas, ramos que se entrelaçam e inspiram vários nomes populares:árvore lápis,pau pelado,dedinho,labirinto. Mas, Avelóz é o mais conhecido.A espécie teve origem na África e se deu bem em várias regiões de clima tropical.A aveloz é uma árvore de porte médio que se adaptou muito bem ao clima do nordeste, em São Paulo é mais difícil de ser vista. Mas, a ação terapêutica da planta é uma velha conhecida da cultura popular.Dos ramos sai uma seiva branca , uma espécie de látex , que pode até queimar a pele.É muito tóxico, mas é à partir desta seiva que começa uma história, que se der certo, vai terminar nas prateleiras das farmácias.O látex da planta é usado há muito tempo pela medicina popular para tratar alguns tipos de câncer. Entrevista com Luiz Francisco Pianowski farmacêutico:
"De todos os produtos que eu trabalhei, que já estão no mercado e que eram derivados de plantas, todos eles vieram de conhecimento popular."
Luiz Francisco Pianowsky dirige este laboratório de pesquisa e desenvovimento farmacéutico que já colocou no mercado cerca de treze medicamentos derivados de plantas.Agora é a aveloz que ocupa as bancadas do laboratório. O primeiro composto desenvolvido a partir da Avelóz foi batizado de am 10. Nos testes feitos em laboratório ele revelou ação analgésica ,antiinflamatória e também agiu diretamente em células com câncer.
Entrevista com Luiz Francisco Pianowski farmacêutico:
"Nós fizemos testes mostrando a ação citotóxica ,ou seja, destróem as celulas cancerígenas, linhagens então de mama, leucemia prostata e pulmão.Mas precisamos de uma avaliação científica com humanos"
O estudo com pacientes começou em 2008 sob a supervisão do médico Auro Del Giglio, coordenador do programa de oncologia do hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo.
Entrevista com Dr.Auro Del Giglio-oncologista Hospital Albert Einstein:
"Esse estudo envolveu seis pacientes, nós tivemos só uma estabilização, cinco pacientes não responderam.Mas,no primeiro nível da droga, no nível que utilizamos, nós já conseguimos ver algumas toxicidades desta droga de tal modo que paramos o aumento das doses que estava previsto.Nós acreditamos através de dados pré clínicos que essa droga estimule a morte celular programada das células tumorais."
O médico informou que a chamada fase dois do estudo ainda não começou .
Entrevista com Luiz Francisco Pianowski farmacêutico:
"Este é um momento muito importante para a ciência brasileira, porque há uma grande expectativa que na biodiversidade que nós temos,muitas drogas novas possam surgir, muitos pacientes possam se beneficiar, só que esse processo tem que acontecer dentro de parâmetros científicos bem determinados. Então,eu recomendo cautela, aguardar, paciência, porque a ciência evolui desta forma."