sábado, 22 de maio de 2010

Perguntas e Respostas Sobre o Câncer

O que é câncer?
Câncer é um grupo de doenças que se caracterizam pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas.

O que causa o câncer?
O câncer pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas, irradiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em seqüência para iniciar ou promover o processo de carcinogênese. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições ou mutações e a detecção do câncer.

O câncer é hereditário?
Em geral o câncer não é hereditário. Existem apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que ocorre em crianças. No entanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos carcinógenos ambientais, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.

O câncer é contagioso?
Não. Mesmo os cânceres causados por vírus não são contagiosos como um resfriado, ou seja, não passam de uma pessoa para a outra por contágio. No entanto, alguns vírus oncogênicos, isto é, capazes de produzir câncer, podem ser transmitidos através do contato sexual, de transfusões de sangue ou de seringas contaminadas utilizadas para injetar drogas. Como exemplos de vírus carcinogênicos, tem-se o vírus da hepatite B (câncer de fígado) e vírus HTLV - I / Human T-lymphotropic virus type I (leucemia e linfoma de célula T do adulto).

Qual a diferença entre câncer in situ e invasivo?
O carcinoma in situ (câncer não invasivo) é o primeiro estágio em que o câncer não hemapoético pode ser classificado. Nesse estágio, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem. A maioria dos cânceres in situ é curável, se for tratada antes que progrida para a fase de câncer invasivo. Nessa fase, o câncer invade outras camadas celulares do órgão e invade e ganha a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo.

O câncer tem cura?
Atualmente, muitos tipos de câncer são curados, desde que tratados em estágios iniciais, demonstrando-se a importância do diagnóstico precoce. Mais da metade dos casos de câncer já tem cura.

Todo tumor é câncer?
Não. Nem todo tumor é câncer. A palavra tumor corresponde ao aumento de volume observado numa parte qualquer do corpo. Quando o tumor se dá por crescimento do número de células, ele é chamado neoplasia - que pode ser benigna ou maligna. Ao contrário do câncer, que é neoplasia maligna, as neoplasias benignas têm seu crescimento de forma organizada, em geral lento, e apresenta limites bem nítidos. Elas tampouco invadem os tecidos vizinhos ou desenvolvem metástases. O lipoma e o mioma são exemplos de tumores benignos.

O câncer pode ser prevenido?
Os cânceres causados pelo tabagismo e pelo uso de bebida alcóolica podem ser prevenidos em sua totalidade. A Sociedade Americana de Cancerologia estimou para 1998 cerca de 175.000 mortes por câncer causadas pelo uso do tabaco e um adicional de 19.000 mortes relacionadas ao uso excessivo de álcool, freqüentemente em associação com o uso do tabaco. Muitos cânceres que estão relacionados à dieta também podem ser prevenidos. Evidências científicas sugerem que aproximadamente um terço das mortes por câncer estão relacionadas a neoplasias malignas causadas por fatores dietéticos. Além disso, muitos cânceres de pele podem ser prevenidos pela proteção contra os raios solares. Exames específicos, conduzidos regularmente por profissionais da saúde podem detetectar o câncer de mama, cólon, reto, colo de útero, próstata, testículo, língua, boca e pele em estádios iniciais, quando o tratamento é mais facilmente bem sucedido. Auto-exames de mama e pele podem também resultar no diagnóstico precoce de tumores nessas localizações.

Quais são os progressos na prevenção do câncer?
Os efeitos da prevenção primária, como a redução da prevalência do tabagismo, já podem ser observados na população masculina norte-americana, enquanto no Brasil os esforços são contínuos para se aumentar a adesão aos programas de controle do tabagismo. As novas estratégias que ajudam os fumantes a abandonar o cigarro, como o uso dos adesivos de reposição de nicotina e as terapias de apoio psicológico, já vêm apontando para resultados favoráveis em diferentes estudos científicos. No que diz respeito à prevenção, o exame de Papanicolaou e a mamografia, respectivamente, na detecção do câncer do colo do útero e de mama, diferentes estudos científicos têm mostrado sua utilidade no diagnóstico precoce desses cânceres, embora o impacto da mamografia, sobre a mortalidade por câncer de mama ainda seja objeto de investigações.

Como é o tratamento do câncer?
O tratamento do câncer pode ser feito pela cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, utilizadas de forma isolada ou combinada, dependendo do tipo celular do órgão de origem e do grau de invasão do tumor.

Quem está sob risco de desenvolver câncer?
Qualquer pessoa. Como a ocorrência do câncer aumenta com a idade, a maioria dos casos acontece entre adultos de meia idade ou mais velhos. O risco relativo mede a relação existente entre os fatores de risco e o câncer. Ele compara o risco de um câncer se desenvolver em pessoas com determinada exposição ou característica ao risco observado naquelas pessoas sem essa exposição ou característica. Por exemplo, os fumantes têm um risco relativo 10 vezes maior de desenvolver câncer de pulmão quando comparados aos não fumantes. A maioria dos riscos relativos não apresentam essa dimensão. Por exemplo, as mulheres com uma história familiar em primeiro grau de câncer de mama (ocorrência da doença em mãe, irmã ou filha) têm cerca de duas vezes mais risco de desenvolver câncer de mama, quando comparadas às mulheres que não apresentam essa história familiar.

Quais as fontes de dados de informação em câncer?
Os dados dos Registros de Câncer - Populacionais e Hospitalares - e os dados de Mortalidade constituem-se na base das informações para estudar a magnitude do câncer no Brasil. Os Registros de Câncer se caracterizam como centros sistematizados de coleta, armazenamento e análise da ocorrência e das características de todos os casos novos de câncer, ocorridos em uma população (Registros de Câncer de Base Populacional - RCBP) ou em um hospital (Registros Hospitalares de Câncer - RHC). Os RCBP produzem informações sobre a incidência do câncer em uma população geograficamente definida. Os RHC levantam informações sobre as características dos tumores e a avaliação da sobrevida e assistência prestada ao paciente com neoplasia maligna atendidos nos hospitais. O principal papel dos Registros de Câncer é fornecer subsídio aos profissionais da área da saúde para a avaliação da qualidade da assistência prestada, para a pesquisa sobre o câncer e para o planejamento das ações de saúde.

Existem hoje no Brasil 20 Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) com informações consolidadas. Estes registros têm sido as fontes que nos permitem a avaliação de dados referentes a incidência de câncer no país. Com relação à mortalidade, a fonte de dados é o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. A maioria dos estudos brasileiros sobre a saúde da população baseia-se na análise de dados sobre a mortalidade por uma determinada causa, porque a morte dá origem a um documento legal, de preenchimento obrigatório - o atestado de óbito. Apesar de apresentar problemas de subnotificação, a qualidade dessa informação é considerada boa para as neoplasias malignas, dada a necessidade de hospitalização da maioria dos pacientes e o conhecimento dos óbitos ocorridos nos hospitais. Os dados dos RCBP e do SIM constituem-se na base de cálculo das estimativas de casos novos e de mortes por câncer no Brasil.

Quem tem direito ao tratamento pelo SUS?
A atenção à saúde no Brasil é de acesso universal, isto é, todo cidadão tem direito a atendimento gratuito. Por isso, o Ministério da Saúde garante o atendimento integral a qualquer doente com câncer, por meio do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Atendimento integral significa proporcionar ao doente todos os cuidados de que necessita para a cura ou o controle da doença inclusive, as medidas de suporte para os tratamentos, cuidados paliativos, que visam a dar melhores condições de vida aos doentes que não puderem ser curados e reabilitação para a reintegração social daqueles que ficam com seqüelas da doença ou do tratamento.
integralidade é fundamental na oncologia também porque a grande maioria dos tipos de câncer só pode ser tratada, de modo resolutivo, com variadas modalidades de tratamento, sucessivas e complementares, que compõem protocolos. Assim, por exemplo, para que a cirurgia planejada para determinado tipo de câncer tenha êxito em curar, pode ser necessário que seja precedida de tratamento com medicamentos quimioterápicos e sucedida com radioterapia e outros medicamentos anti-tumorais, isto tudo em períodos rigorosamente programados.
Como o SUS está organizado para atender a população?
O SUS tem organizado o tratamento de câncer de modo a oferecer em um mesmo Estabelecimento de Saúde, todas as modalidades de tratamento, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, inclusive, cuidados paliativos e reabilitação.

Existem, no Brasil, mais de 300 Estabelecimentos de Saúde prestando assistência oncológica de alta complexidade a doentes do SUS, espalhados por 26 Estados e em 128 diferentes municípios. A maioria deles é Hospital Geral com reconhecida capacidade de prestar atendimento de alta complexidade e alguns são hospitais especializados em câncer.

Todos os hospitais que atendem pacientes pelo SUS são públicos?
Os Estabelecimentos de Saúde cadastradas no SUS podem ser de natureza pública, isto é, pertencer a um governo estadual, municipal ou federal ou então ser de natureza privada, isto é, pertencer a entidades privadas. Todos eles, porém, prestam atendimento público gratuito , custeado por recursos públicos, oriundos de impostos e contribuições.

Qual o papel das Secretarias de saúde no atendimento?
As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde planejam, organizam, controlam e avaliam o Sistema Único de Saúde em seu território, e por isso são chamados de gestores locais do SUS. Assim, quando um doente de câncer quer ser tratado no SUS recomenda-se que procure a Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde de onde reside para ser orientado sobre qual Estabelecimento de Saúde poderá oferecer o melhor atendimento possível para seu caso.

Quais as normas para quem tem plano de saúde?

O tratamento oferecido pelos planos de saúde obedece a legislação própria, da chamada Saúde Suplementar, que é de caráter geral, sem conteúdo específico para os tratamentos de câncer.

Os planos constituídos após a vigência da Lei nº 9.656/98 têm os procedimentos para tratamento de câncer relacionados em um Rol de Procedimentos publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS. Para os planos constituídos antes de 2 de janeiro de 1999 e ainda vigentes, a cobertura a ser garantida é a que consta das cláusulas contratuais acordadas entre as partes.

Respostas às dúvidas em relação à cobertura de tratamento por planos de saúde, podem ser obtidas consultando-se a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS ou pelo Disque ANS: 0800 701 9656 .

De que modo o governo garante medicamentos para o tratamento do câncer gratuitamente?
Até 1998, havia fornecimento em farmácias do SUS (em geral, de Secretarias Estaduais de Saúde) de alguns medicamentos para tratamento de câncer, principalmente hormonioterápicos e imunobiológicos antineoplásicos de uso contínuo, bastando que a pessoa apresentasse uma receita e um relatório de algum médico, de consultório particular ou de hospital público ou privado.

Visando ao cumprimento dos Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecidos no Artigo 7 da Lei Federal 8080, de 19 de setembro de 1990, as normas vigentes do Ministério da Saúde estabelecem que todos os medicamentos para o tratamento do câncer (inclusive aqueles de uso oral) devem ser fornecidos pelo Estabelecimento de Saúde (clínica ou hospital) público ou privado, cadastrado no SUS para atendimento deste tipo de doença e somente para os pacientes que estiverem recebendo o seu tratamento no próprio Estabelecimento.

Nesta questão, foram considerados os seguintes princípios:

1-Integralidade, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.

Atendimento integral significa proporcionar ao doente todos os cuidados de que necessita para a cura ou o controle da doença inclusive, cuidados paliativos, que visam a dar melhores condições de vida aos doentes que não puderem ser curados e reabilitação para a reintegração social daqueles que ficam com seqüelas da doença ou do tratamento.

A integralidade é fundamental na oncologia também porque a grande maioria dos tipos de câncer só pode ser tratada, de modo resolutivo, com variadas modalidades de tratamento, sucessivas e complementares, que compõem protocolos. Assim, por exemplo, para que a cirurgia planejada para determinado tipo de câncer tenha êxito em curar, pode ser necessário que seja precedida de tratamento com medicamentos quimioterápicos e sucedida com radioterapia e outros medicamentos anti-tumorais, isto tudo em períodos rigorosamente programados.

Portanto, em termos de uso racional do dinheiro público, não há sentido distribuir medicamentos de forma descontrolada, sem a garantia de que o doente terá acesso às outras modalidades de tratamento de que necessita, dentro de protocolos de eficácia reconhecida cientificamente.

2- Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Isto significa que o SUS deve fornecer condições de assistência idênticas a todos os cidadãos. Assim, as regras de acesso aos tratamentos (como por exemplo estar em tratamento em um hospital ligado ao SUS para obter medicamentos) devem valer para todos os doentes, mesmo para aqueles que se servem de operadoras de planos de saúde para custear parte de seu tratamento.

Assim, os Estabelecimentos de Saúde deverão prestar toda a assistência necessária ao doente, inclusive o fornecimento de medicamentos (mesmo aqueles de tomada oral, em casa). Posteriormente, o Ministério da Saúde fará ao Estabelecimento, o ressarcimento financeiro pelos serviços prestados.

Este ressarcimento irá incluir, além do valor dos medicamentos quimioterápicos e hormonioterápicos, conforme necessário, também os valores: da consulta médica; dos medicamentos utilizados em concomitância à quimioterapia, como aqueles para náuseas e vômitos, para dor, para proteção do trato digestivo e outros usados em eventuais complicações, das soluções em geral (soros); dos materiais hospitalares, dos materiais de escritório, do uso de equipamentos especiais, da limpeza e da manutenção da unidade.

A indicação de uso de um medicamento antineoplásico é sempre de competência do médico assistente do doente, de acordo com protocolos de tratamento fundamentados em evidências científicas e adotados na instituição onde este médico atua. O tratamento escolhido dependerá de fatores específicos de cada caso, tais como: a evolução da doença, os tratamentos já realizados e as condições clínicas do doente.

Em resumo, são esses os passos necessários para um paciente obter medicamento para câncer no SUS:

1- O paciente é atendido por médico em hospital ou clínica isolada de quimioterapia cadastrado no SUS para atendimento de pacientes com câncer.

2- O médico avalia e prescreve o tratamento indicado, conforme as condutas adotadas nesse hospital ou clínica.

3- O paciente é submetido ao tratamento indicado, inclusive recebe do hospital ou clínica os quimioterápicos que irá tomar em casa, por via oral.

4- O médico preenche o laudo de solicitação de autorização para cobrança do procedimento no SUS e o encaminha ao gestor local, que pode ser uma secretaria municipal ou estadual de saúde.

5- O gestor autoriza a cobrança conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde e fornece ao hospital ou clínica um número de APAC.

6- O hospital ou clínica cobra do SUS no final do mês o valor mensal do respectivo tratamento.

7- O SUS paga ao hospital ou clínica o valor tabelado relativo ao procedimento.

O que fazer quando o Plano de Saúde não paga os medicamentos necessários para o tratamento do câncer?
Muitas operadoras de planos de saúde recusam-se a dar cobertura ao fornecimento de medicamentos para uso oral no domicílio, só cobrindo aqueles medicamentos que são efetivamente administrados na clínica ou hospital. A indústria farmacêutica vem disponibilizando cada vez mais quimioterápicos e hormonioterápicos de administração oral, de uso contínuo e prolongado, sendo que muitos são drogas inovadoras, de preço extremamente alto.

Assim, doentes que têm seus tratamentos de câncer custeados por operadoras de planos de saúde, ao receberem uma prescrição de medicamento de tomada oral, de alto custo, vêem-se impossibilitados de arcar com o tratamento e buscam obter estes medicamentos por financiamento público.

Nestes casos, para obter os medicamentos, estes doentes devem ser admitidos para tratamento integral em Estabelecimento de Saúde do SUS. Sendo o Sistema Único de Saúde público e de acesso universal, o atendimento aos doentes independe destes serem beneficiários de planos de saúde ou não. Porém, existem normas no SUS que devem ser observadas, como a Integralidade e a Igualdade da assistência à saúde (já explicadas acima). Isto significa que estes estabelecimentos, de modo nenhum, podem funcionar unicamente como unidades de entrega de medicamentos do SUS. Eles devem acolher os doentes e prestar a estes todos os cuidados dos quais venham necessitar.

Se desejar ser atendido em um Estabelecimento de Saúde do SUS o doente deve procurar a Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde, do local onde reside para ser encaminhado. Se um medicamento prescrito para o tratamento do câncer ou suas conseqüências, por qualquer razão, não puder ser obtido, o médico assistente sempre deverá ser informado para que possa indicar outra modalidade terapêutica, se possível.

Quais os direitos de acesso à prestação de cuidados paliativos para um paciente do SUS fora de possibilidades terapêuticas?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, Cuidados Paliativos são aqueles que consistem na "assistência ativa e integral a pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo, sendo o principal objetivo a garantia da melhor qualidade de vida tanto para o paciente como para seus respectivos familiares. A medicina paliativa irá atuar no controle da dor e promover alívio nos demais sintomas que os pacientes possam desenvolver".

No SUS, os cuidados paliativos para doentes com câncer avançado podem ser prestados por hospitais gerais, serviços de atenção domiciliar ou mesmo núcleos de Programa de Saúde da Família, sempre apoiados por um hospital cadastrado no SUS para o tratamento de doentes de câncer. Estes hospitais devem possuir, obrigatoriamente, estrutura própria ou serviços de referência para prestação de cuidados paliativos. A prescrição e o fornecimento de opiáceos e os demais cuidados paliativos também são de responsabilidade do Estabelecimento de Saúde onde os doentes de câncer estiverem em tratamento sendo este um Centro de Alta Complexidade em Oncologia – CACON.

Existem transporte e estadia gratuitos para doentes obrigados a se tratar fora do domicílio?
O pagamento de deslocamento e estadia para tratamentos fora do domicílio (TFD), no âmbito do SUS, está sob a responsabilidade dos gestores municipais e estaduais do Sistema Único de Saúde, que são as respectivas secretarias de saúde.

O Ministério da Saúde provê recursos, de forma programada e limitada a um determinado orçamento, para que os gestores executem estes pagamentos.Vale ressaltar que o pagamento das despesas relativas ao deslocamento em TFD só será permitido quando esgotados todos os meios de tratamento no próprio município.

Para solicitar este benefício os doentes devem entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de onde residem.

É possível que os doentes de câncer sejam convidados para participar de estudos clínicos ou de outros tipos de pesquisas científicas. Como é a regulamentação das pesquisas clínicas com pacientes no Brasil?
Existe uma resolução do Conselho Nacional de Saúde, Resolução no196/96, que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa – CEP. As Instituições nas quais se realizam pesquisas envolvendo seres humanos deverão constituir um ou mais CEP, conforme suas necessidades. É atribuição do CEP revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, inclusive os multicêntricos, cabendo-lhe a responsabilidade primária pelas decisões sobre a ética da pesquisa a ser desenvolvida na instituição, de modo a garantir e resguardar a integridade e os direitos dos voluntários participantes nas referidas pesquisas.

Estas pesquisas podem ou não ser aprovadas. Quando aprovadas, os projetos de pesquisas devem ser encaminhados, com o devido parecer, para apreciação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa -CONEP/MS. Esta Comissão é uma instância colegiada, de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa, independente, vinculada ao Conselho Nacional de Saúde.

Compete à CONEP o exame dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, bem como a adequação e atualização das normas atinentes. A CONEP consultará a sociedade sempre que julgar necessário. Todo e qualquer projeto de pesquisa envolvendo seres humanos deverá obedecer às recomendações desta Resolução e dos documentos endossados em seu preâmbulo. A responsabilidade do pesquisador é indelegável, indeclinável e compreende os aspectos éticos e legais.

Uma vez aprovado o projeto, o CEP passa a ser co-responsável no que se refere aos aspectos éticos da pesquisa.

Como essas pesquisas são financiadas?
Várias são as fontes de financiamento de projetos de pesquisa, governamentais ou não: Finep, Capes, Cnen, Fundação Banco do Brasil, CNPq, agências estaduais ou municipais de fomento à pesquisa, laboratórios da indústria farmacêutica, etc. Cada agente financiador possui critérios próprios de decisão quanto à aprovação de financiamento de projetos e o valor deste financiamento. Além disso, muitos hospitais integrantes do SUS são beneficiários do FIDEPS , que tem por objetivo, entre outros, auxiliar no custeio de atividades de pesquisa.

Obviamente o financiamento de uma pesquisa por esta fontes deve abranger todos os custos, especialmente o fornecimento do medicamento alvo da pesquisa.

O que são estudos clínicos?
São chamados os estudos que avaliam um novo tratamento. As pesquisas que envolvem a avaliação de um novo medicamento, necessitam passar por várias fases de teste. Existem três tipos de fases de testes nos estudos clínicos. Na primeira fase, chamada de estudo clínico de fase I, será avaliada qual deverá ser a melhor via de administração do novo medicamento (oral, venosa, intramuscular, etc), qual a dose segura a ser utilizada e qual serão os seus efeitos colaterais.

No estudo clínico de fase II avalia-se como funciona este novo medicamento, isto é qual a sua resposta ao tratamento. Estudos de fase II focam normalmente em um tipo específico de câncer.

No estudo clínico de fase III é comparado o resultado do uso do novo medicamento (combinado com outro medicamento ou isolado) com o resultado do tratamento considerado padrão. É nesta fase que se avalia cura e sobrevida. Os pacientes selecionados a participar deste tipo de estudo serão escolhidos aleatoriamente. Esta seleção de pacientes poderá por exemplo, ocorrer por sorteio, isto é, o paciente pode receber o tratamento padrão ou o tratamento novo. Este tipo de estudo envolve um grande número de pacientes e deve ser conduzido por muitos doutores, hospitais e centros de câncer..

Todos estes passos estão incluídos no conceito do que chamamos de Metodologia Científica

O que o doente deve perguntar ao médico pesquisador?
Qual o objetivo do estudo?
Por que o pesquisador pensa que esta pesquisa pode ser eficaz?
Quem é o pesquisador responsável?
Quem fez a revisão e aprovou este estudo?
Como os resultados e a segurança deste estudo serão verificados?
Quanto tempo irá durar este estudo?
Quais serão as minhas responsabilidades se eu participar deste estudo?
Quais são os possíveis riscos e benefícios?
Quais são os meus possíveis benefícios de curto prazo?
Quais são os meus possíveis benefícios de longo prazo?
Quais são os meus riscos de curto prazo, como os efeitos colaterais?
Quais são os meus possíveis riscos de longo prazo?
Quais são as outras opções que pessoas com o meu risco de câncer ou tipo de câncer tem?
Como os possíveis riscos e benefícios deste estudo podem ser comparados com as estas opções?
Q
uais os tipos de tratamentos, procedimentos e ou exames eu terei que fazer durante este estudo?
Poderão estes tratamentos, procedimentos e ou exames causar algum risco, prejuízo, desconforto ou dano a minha pessoa?
Como os exames deste estudo poderão ser comparados aos exames que eu faria se não estivesse neste estudo?
Eu estarei apto a tomar as medicações que eu uso normalmente, enquanto eu estiver neste estudo?
A minha vida do dia a dia poderá ser afetada por este estudo?
Eu poderei contar para outras pessoas que eu estou participando deste estudo?
Em algum momento deste estudo eu terei que pagar alguma coisa, como por exemplo exames ou o medicamento do referido estudo?
Eu poderei optar por sair do estudo?


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conheça mais a Lúpus. A Cura Definitiva Ainda Está Por Ser Descoberta

Aprenda a Viver Bem Com a Lúpus
- O que é o Lupus
- Causa e Sintomas
- Diagnóstico
- Tratamentos
- Dietas, Gravidez
- O Lupus no Brasil
- Técnicas e Práticas Alternativas

Confundida com uma série de outras doenças e com a cura definitiva ainda por ser descoberta, a literatura e os rumores em torno do lupus são, curiosamente, mais vastos que o conhecimento da própria doença. O lupus não é contagioso, existem tratamentos, e seu diagnóstico não é uma sentença. Deve continuar sendo exaustivamente pesquisado, antes de ser aceito pelo paciente como tal. A grande maioria dos portadores de lupus pode ter vida normal, desde que existam, ao seu redor, pelo menos três fatores: um criterioso cuidado médico, atenção e carinho.


Lupus é uma doença inflamatória crônica, que pode afetar várias partes do corpo, principalmente a pele, as juntas, os rins e o sangue, de acordo com a definição do Dr. Robert G. Lahita, médico e professor norte-americano. Não é contagioso, nem se pode contrair o lupus por contato sexual, e ainda não tem semelhança com a Aids. A maioria das pessoas portadoras de lupus pode ter vida normal e trabalhar, e a expectativa de vida é muitas vezes superior à da Aids, por enquanto.

Uma das principais diferenças, e que explica bem o funcionamento do lupus, é que, na Aids, o sistema imunológico quase não está ativo, está deficiente, explica a LFA - Lupus Foundation of America. Enquanto que, no caso do lupus, o sistema imunológico está hiperativo, trabalhando demais.

Para mais fácil memorização, os tipos de lupus são como a história dos três mosqueteiros, que na verdade são quatro, um deles sempre deixado de citar:

- Lupus discóide: é cutâneo, limitado à pele. Exames de fragmentos de pele podem ajudar no diagnóstico. Neste tipo, podem surgir erupções na pele e também no pescoço e couro cabeludo. Apenas 10% dos pacientes evoluem para o lupus sistêmico.

- Lupus sistêmico: É a forma mais severa e que requer mais cuidado, pois vem a se instalar em todo o organismo ou sistema do corpo. Também chamado LES, ou seja, lupus eritematoso sistêmico. Esse nome significa: lupus (lobo, em latim - devido às manchas que parecem mordidas de lobo); eritematoso (que apresenta rubor, vermelhidão); e sistêmico (o sistema todo).

- Lupus induzido por Drogas: ataca uma parte muito pequena da população, em geral homens, que tomaram alguns tipos de remédios, por longo período, como as Drogas usadas para tratamento da pressão alta (hipertensão) e outras para tratamento do ritmo cardíaco irregular.

- E o quarto, lupus neonatal: é aquele transmitido da mãe ao filho na gravidez, bastante raro, porém que requisita um acompanhamento e cuidados muito especiais.


As causas do lupus são desconhecidas e, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (MS), o LES é uma doença auto-imune que tem uma ampla variedade de manifestações clínicas, pelo fato de acometer vários órgãos. Dr. Lahita explica que os estudos apontam alguma conexão entre o fator genético e o lupus, bem como as interferências do ambiente e o lupus, dando maior ênfase às últimas, ou seja, aos fatores ambientais.

O Ministério da Saúde vê o LES como a mais comum das doenças do colágeno, e também associada à gestação, uma vez que predominam em mulheres, especialmente aquelas em idade reprodutiva.

Para algumas pessoas acometidas de lupus eritematoso sistêmico, somente a pele e as juntas estão envolvidas, enquanto em outras, os pulmões, fígado, sangue e outros órgãos e tecidos podem ser afetados, conforme afirma Dr. Robert Lahita. E não existem duas pessoas acometidas de lupus com os mesmos sintomas, devido ao seu amplo e inesperado raio de ação.

Dr. Lahita relata que o lupus sistêmico inclui períodos chamados de remissão, onde poucos sintomas estão evidentes, e outros períodos em que a doença se torna mais ativa (período "explosivo").

Segundo a LFA, acredita-se que certos fatores possam acionar o aparecimento ou as causas do lupus, e entre esses fatores estão os raios ultravioleta, certos medicamentos e antibióticos, infecções, hormônios (principalmente o estrógeno, nas mulheres). Em alguns casos, principalmente no lupus induzido por drogas, os sintomas tendem a desaparecer quando os medicamentos são retirados.

Há um outro fator desencadeante para o lupus, que a LFA aceita de maneira cautelosa, enquanto que as pesquisas da equipe de Dr. Arthur Weinstein, reumatologista norte-americano, são mais incisivas: o stress é um disparador da síndrome do lupus. Esse é um ponto que vem ganhando mais atenção da ciência, pois é sabido que o stress desorganiza o sistema imunológico.

Entretanto, se olhado por esse prisma, o mesmo fator de stress (que inclui tristeza, desesperança, susto, medo, ansiedade, irritação, dores, melancolia, depressão, etc) que, no caso da Aids, faz com que exista uma deficiência do sistema imune, que fica sem fabricar defesas, esse mesmo fator aciona o sistema imune da maneira contrária no lupus, fazendo com que ele produza mais defesas do que o necessário. Melhor explicando, o sistema "comete um engano", imaginando que o corpo está em perigo e fabrica defesas em demasia, voltando-se assim contra o próprio organismo.

Neste caso, o sistema imunológico libera adrenalina, noradrenalina e cortisol, fazendo com que apareça o suor, palpitações, irritação e insônia e, conseqüentemente, o período de trabalho-repouso do corpo fica comprometido.


O diagnóstico é baseado em exames clínicos e de laboratório. Entre os critérios clínicos, o MS relaciona a fotossensibilidade, úlceras orais, artrite, nefrite, alterações neurológicas. Entre os critérios laboratoriais, o MS aponta alterações hematológicas, imunológicas e anticorpo antinuclear.

Dr. Robert Lahita, em seu estudo sobre o lupus, afirma que devido aos muitos sintomas de outras doenças que o lupus imita, que às vezes são vagos e podem desaparecer como vieram, é difícil diagnosticar a doença. É preciso, segundo o médico, existir uma combinação de dados como o histórico médico completo da pessoa, bem como uma análise dos resultados obtidos nos testes de laboratório de rotina e alguns outros testes específicos quanto ao estado do sistema imunológico. Na verdade, segundo Dr. Tahita, ainda hoje não existe um único teste que possa determinar, sozinho, se uma pessoa tem ou não tem lupus. É preciso que existam pelo menos 11 sintomas ou sinais, cujos estudos feitos pelo American College of Rheumatology (ACR) ainda estão sendo revisados. Desses sintomas, que podem ainda nem ocorrer todos ao mesmo tempo, a pessoa deve apresentar pelo menos quatro ou mais para só então existir uma suspeita de lupus.


A Universidade da Califórnia, a equipe do Dr. Heike Wulff, está investigando ainda em fase de testes uma substância encontrada no veneno do escorpião, a qual, segundo ele, servirá não só para o lupus mas para uma série de outras doenças auto-imunes.

Enquanto isto, o Ministério da Saúde recomenda tratar o lupus com drogas imunossupressoras, por considerar que a gravidade da doença em andamento pode ser maior que os efeitos colaterais desses remédios. Faz um alerta para algumas drogas que devem ser evitadas em caso de gravidez, por causarem retardo no crescimento do feto e malformações fetais, e para outras ainda contra-indicadas para pacientes com artralgia.

O Dr. Tahita lembra que as abordagens devem ser sempre baseadas nas necessidades e nos sintomas de cada pessoa, pois as características e a evolução do lupus podem variar muito de uma pessoa para a outra. Ele lembra ainda que é importante um acompanhamento sistemático do médico no sentido de, ao longo do tratamento, confirmar ou não a doença em definitivo.

Para a grande maioria das pessoas com lupus, afirma Dr. Tahita, o tratamento efetivo pode minimizar os sintomas, reduzir a inflamação e manter em nível normal as funções vitais. Além disso, relata, medidas preventivas podem reduzir o risco de picos ou explosões da doença.

Ele recomenda evitar exposição demasiada ao sol, fazer exercícios regulares, juntar-se a grupos de portadores de lupus para discussões e aconselhamento, medidas que podem aliviar o stress. Recomenda também evitar a todo custo o álcool e o cigarro e fazer check ups regulares, para um maior controle e bem-estar.

Dos remédios utilizados, dependendo do caso de lupus, Dr. Tahita menciona os antiinflamatórios não-esteróides, o acetominofen, corticosteróides, esteróides (lembrando que eles têm uma série de efeitos colaterais), os remédios usados contra a malária, as drogas imunomoduladoras, antiagregantes plaquetários que começam por uma simples aspirina, e imunoglobulina por injeção.


De acordo com o Ministério da Saúde, a possibilidade de crises de atividades nas pacientes grávidas é a mesma das outras mulheres. O risco de ter uma crise aumenta no pós-parto imediato (oito semanas após o parto), quando o médico e a paciente devem estar atentos, alerta o Manual Técnico publicado pelo MS, e a paciente pode ter um curso normal da gravidez ou pode ter partos prematuros.

O Dr. R. Lahita lembra a possibilidade de a mulher acometida de lupus se cuidar para não engravidar, embora ele mesmo relate que não existe nenhum estudo conclusivo alertando-a para que ela não se exponha a uma gestação. E ainda, lembra ele, uma vez em estado de gravidez, é aconselhável que a paciente receba o acompanhamento tanto do médico que faz o pré-natal quanto de um médico especialista em lupus. Isto porque nem todos os medicamentos podem "passar direto" pela formação do bebê e também porque podem ocorrer complicações depois do parto, confirmando o que diz acima o Ministério da Saúde brasileiro.

Quanto às dietas, não existe uma dieta específica para portadores de lupus, como não há indicação de alimentos que comprovadamente venham a deter a doença ou, ao contrário, contribuam para piorá-la. O óleo de peixe é citado como um alimento benéfico, porém não existem dados conclusivos a respeito.

As dietas devem ser as mesmas de qualquer outra pessoa em estado delicado de saúde, sempre balanceadas e de preferência naturais.

Segundo Dr. Lahita, retirar por retirar certos alimentos pode não resultar em nada, ou ainda, a retirada de alguns alimentos pode até fazer mais mal do que bem ao paciente.


Algumas pessoas costumam perguntar se o lupus é uma doença fatal, e a LFA esclarece que não, que o lupus não é considerado universalmente fatal e que, hoje, com os tratamentos disponíveis, 80 a 90% das pessoas com lupus podem ter uma expectativa de vida relativamente normal. Afirma ainda que a média de sobrevida da pessoa com lupus é de no mínimo dez anos, e, em muitos casos de pesquisa, encontram-se pessoas com uma sobrevida bem maior.

No entanto, o Brasil, que cientificamente dispõe de recursos e pesquisas para o lupus, além de já estarem se formando grupos de portadores para discussões, sites específicos na internet sobre o assunto, ainda é um país que, na prática, deve levar um portador de lupus a adotar para si mesmo algumas posturas para preservar sua saúde. Isto porque a miríade de exames necessários para se confirmar o lupus nem sempre está ao alcance da população, sem contar a infinidade de medicamentos, que ainda têm custo praticamente inacessível para um tratamento adequado.

Assim, é aconselhável que a pessoa portadora de lupus seja participativa em sua recuperação e procure ajuda, da seguinte maneira:

- informando-se nos postos da Previdência sobre a possibilidade de aposentadoria por invalidez, quando for o caso. Nos Estados Unidos, a legislação inclui os casos de lupus.

- procurando nos hospitais-escola, onde as pesquisas são mais recentes, encontrar um especialista em lupus que acompanhe a pessoa, tendo em mente buscar o melhor tratamento, a despeito de qualquer dificuldade.

- encontrando em sua comunidade grupos de discussão, que podem ser indicados nos próprios hospitais-escola, e engajando-se neles.

- informando-se com o médico sobre onde e como obter os remédios necessários.

- sabendo que a saúde é um direito e que esse direito deve ser respeitado, procurar ajuda nos meios jurídicos, se necessário, para que o tratamento seja feito.


Pessoas que sofrem de doenças auto-imunes tendem a ser um tanto controladoras de seu ambiente. Elas apenas deixam aparente de controlar a evolução da doença porque, desta vez, a própria doença faz isto por elas. Adoecer, portanto, é uma forma sutil de dominar o ambiente em casa, a família, os amigos. Ocorre que, neste caso, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro. A melhor coisa que a pessoa tem a fazer é rever sua tendência a controlar o ambiente e reavaliar se isso vale a pena, ou se prefere optar pela vida.

Por outro lado, algumas práticas alternativas não são reconhecidas pelos médicos, e talvez, por dificuldade de mensuração ou de avaliação, talvez nunca sejam. Mas um portador de lupus não deve descartar que a própria ciência começa a reconhecer o stress como um dos fatores desencadeantes de lupus e, assim, valem algumas medidas alternativas que podem dar à pessoa mais serenidade e qualidade de vida:

- Caminhadas ao ar livre, sem pressa, de preferência em lugar tranqüilo e agradável.

- Não se isolar, procurar ampliar seu círculo de amizades, trocar idéias com pessoas amigas, procurando estar sempre em companhia de pessoas positivas e otimistas.

- Selecionar passatempos que não sejam por si estressantes, mas que relaxem e divirtam, desviando a atenção da doença.

- Fazer relaxamento em grupo, até que aprenda a fazer sozinho, preferencialmente com música suave em tom baixo, ou sons de sinos, água, vento, sons da natureza.

- Se religioso, aprender a rezar as orações (independe de qual religião pertença) sem aflições, com concentração e serenidade.

- Mudar alguns hábitos de vida e algumas posições filosóficas e internas rígidas, ajuda muito a reduzir o stress.

- Desejar e principalmente permitir que condições melhores de saúde se iniciem em seu organismo, adotando uma postura tranqüila e otimista, mesmo contra todas as evidências.

- Conhecer as práticas alternativas como yoga, shiatsu, tai-chi e inúmeras outras, selecionando bem o local e as pessoas que dirigem, e escolher uma prática que mais lhe agrade, freqüentando com regularidade.

O importante nisso tudo é ter conciencia de que a lúpus não é nenhum bicho podemos sim viver bem com a lúpus e ter uma vida normal.


O Lúpus e a Gravidez

Uma vez que o lúpus afeta principalmente mulheres jovens, a gravidez sempre passa a ser uma questão crucial. Há anos atrás, todos os textos médicos diziam que pacientes com lúpus não poderiam ter filhos e, se ficassem grávidas, deveriam realizar abortos. Obviamente, essas conclusões antigas estavam erradas. Hoje em dia, 50 porcento de todas as gestações com lúpus são completamente normais, e 25 porcento dão à luz bebês prematuros. A perda do feto, devido a abortos espontâneos, ou a morte do bebê são responsáveis pelos 25 porcento restantes. Embora nem todos os problemas da gravidez com lúpus tenham sido resolvidos, ela é possível, e o nascimento de crianças normais é a regra.

Mesmo sendo perfeitamente possível que pacientes com lúpus tenham filhos, a gravidez pode não ser fácil. É importante notar que apesar de muitas gestações com lúpus serem completamente normais, todas devem ser consideradas de "alto risco". "Alto risco" é o termo usado comumente pelo obstetras para indicar que problemas podem ocorrer e que devem ser antecipados. Grávidas com lúpus devem ser acompanhadas por obstetras que estejam inteiramente familiarizados com gestações de alto risco, e que trabalhem em conjunto com o médico principal da mulher (o que acompanha o lúpus). O parto deve ser planejado para um hospital que disponha de uma unidade especializada no tratamento de recém-nascidos prematuros. Mamães com LES não devem tentar o parto em casa, nem devem estar excessivamente preocupadas com parto "normal", uma vez que complicações durante o parto são freqüentes. Contudo, sob severa observação, os riscos para a saúde da mãe são diminuídos, e o nascimento de bebês saudáveis é perfeitamente possível.

A gravidez vai despertar o meu lúpus?

Apesar de alguns textos médicos mais antigos sugerirem que crises de LES são comuns na gravidez, estudos recentes indicam que essas crises são raras e normalmente facilmentes tratadas. A verdade é que, de 6 a 15 porcento dos pacientes com lúpus atualmente vão experimentar uma melhora nos sintomas do lúpus durante a gravidez. As crises normalmente ocorrem durante o primeiro ou segundo trimestre, ou durante os dois meses imediatamente após o parto. A maioria das crises tende a ser suave. Os sintomas mais comuns dessas crises são artrite, RASHES e fadiga. Aproximadamente 33 porcento das pacientes com lúpus vão ter uma diminuição do número de plaquesta no sangue durante a gravidez, e cerca de 20 porcento vão ter um aumento ou nova ocorrência de proteína na urina. Mulheres que concebem após 5-6 meses de remissão da doença são menos suscetíveis à uma crise do lúpus do que aquelas que ficam grávidas quando o lúpus está ativo. Nefrite lúpica antes da concepção também aumenta as chances de se ter uma crise durante a gravidez. É importante distinguir os sintomas de uma crise do lúpus das mudanças normais do corpo que ocorrem durante a gravidez. Por exemplo, o fato dos ligamentos que unem as juntas normalmente se tornarem mais suaves na gravidez, favorecem o acúmulo de fluidos nas juntas, especialmente nos joelhos, o que causa inchaços. Apesar disso sugerir um aumento na inflamação devido ao lúpus, também pode simplesmente ser o inchaço que normalmente ocorre na gravidez. Similarmente, LUPUS RASHES podem aparentar uma piora durante a gravidez, mas isto é usualmente devido a um maior fluxo de sangue para a pele, comum na gravidez (o 'tom rosado' de uma grávida). Muitas mulheres também podem experimentar o nascimento de cabelo na gravidez, seguido de uma grande queda de cabelo após o parto. Embora a queda de cabelos seja um sintoma da atividade do LES, é mais um resultado das mudanças que ocorrem durante uma gravidez normal.

Qual é o melhor momento para ficar grávida?

A resposta é simples: quando você estiver mais saudável. Durante a remissão, as mulheres têm muito menos problemas do que quando a doença está ativa. Os bebês ficam bem melhores, e todos se preocupam menos.

Regras de boa saúde são essenciais: coma bem, tome os medicamentos conforme a prescrição, visite seu(s) médico(s) regularmente, não fume, não beba e, certamente, não use drogas.

Por quê visitas freqüentes ao médico são tão importantes numa gravidez com lúpus?

Visitas freqüentes ao médico são importantes em qualquer gravidez de alto risco, isso porquê muitos problemas podem ser prevenidos, ou tratados mais facilmente, se observados no início.

Cerca de 20 porcento das pacientes com lúpus têm um súbito aumento da pressão sangüínea, de proteína na urina, ou ambos durante a gravidez. Isto é chamado toxemia da gravidez (ou pré-eclâmpsia, ou hipertensão induzida pela gravidez). Essa é uma situação muito séria requerendo tratamento imediato e, usualmente, um parto prematuro. A toxemia é mais comum em mulheres mais velhas, negras, com gêmeos, com problemas nos rins, com pressão alta, e em mulheres que fumam. A quantidade de SERUM COMPLEMENT e de plaquetas no sangue podem estar anormais nesses casos. Uma vez que os níveis de COMPLEMENT e de plaquetas também são anormais durante as crises de LES, pode ser difícil para o médico ter certeza de que não é uma crise que está causando esses sintomas. Se a toxemia é prontamente tratada a mulher não fica em perigo, mas há um grande risco de morte do bebê se isso não acontecer. Se a toxemia é ignorada ambos, a mulher e seu bebê, ficam em perigo.

Durante o progresso da gravidez é prudente que o médico verifique o crescimento do bebê através de ultra-sonografias (que são inofensivas). O médico também deve checar com freqüência o batimento cardíaco do bebê. Anormalidades no crescimento do bebê ou no seu batimento cardíaco podem ser os primeiros sinais de problemas que podem ser tratados.

Posso ingerir medicamentos durante a gravidez?

É sempre imprudência ingerir medicamentos desnecessários durante a gravidez. Contudo, medicamentos necessários não devem ser descontinuados.

É seguro usar a maioria dos medicamentos normalmente ingeridos por pacientes com LES durante a gravidez. Prednisona, Prednisolona e, provavelmente, methylprednisolona (Medrol) não atravessam a placenta e são seguros para o bebê. Específicamente, dexamethasona (Decadrol, Hexadrol) e betamethasona (Celestone) atingem o bebê e são usados SOMENTE quando é necessário tratar também do bebê. Por exemplo, esses medicamentos podem ser usados para ajudar os pulmões do bebê a madurar mais rapidamente se o bebê vai ser prematuro. Aspirina é seguro; é freqüentemente usada para proteger contra a toxemia da gravidez.

Estudos preliminares sugerem que azathioprine (Imuran) e hidroxicloriquina (Plaquinol) não afetam os bebês, mas isso ainda não é confirmado. Cyclophosphamide (Cytoxan) é definitivamente nocivo se ingerido durante os três primeiros meses de gravidez.

O que dizer sobre o tratamento profilático (preventivo) com Prednisona?

Alguns poucos médicos acham que toda grávida com lúpus deveria ingerir pequenas doses de Prednisona para prevenir o aborto. Contudo, ainda não há dados confirmados de que isso é necessário. Da mesma forma, alguns médicos acham que esteróides devem ser ministrados ou terem as doses aumentadas após o nascimento do bebê para evitar 'crise pós-parto'. Mais uma vez, não há evidência de que isso seja necessário na maioria dos casos.

O que são anticorpos antifosfolipídeos e porquê são tão importantes?

Cerca de 33 porcento de pacientes com lúpus têm anticorpos que interferem com as funções da placenta. Esses anticorpos são chamados antiphospholipid anticorpos, o anticoagulante lúpico ou anti-cadiolipina. Esses anticorpos podem causar coágulos sangüíneos, incluindo coágulos na placenta, que impedem o seu crescimento e funcionamento normais. Isso ocorre normalmente durante o segundo trimestre. Uma vez que a placenta é a passagem dos nutrientes da mãe para o feto, o crescimento do bebê é desacelerado. O bebê pode nascer neste momento e será normal se estiver grande o bastante.

O tratamento para pacientes com lúpus que tenham estes anticorpos ainda está sendo testado. Aspirina, Prednisona, Heparin e PLAMAPHERESIS têm sido sugeridos como possíveis terapias. Contudo, mesmo com o uso de tais medicamentos, estes anticorpos ainda assim podem conduzir para um aborto.

Meu bebê será normal?

A prematuridade é o maior perigo para o bebê. Cerca de 50 porcento das gestações com lúpus terminam antes dos 9 meses, usualmente devido às complicações apresentadas acima. Bebês nascidos após 30 semanas ou com mais de 1,2 Kg crescem normalmente. Mesmo bebês com cerca de 800 g têm sobrevivido e com saúde em todos os aspectos; mas o resultado é incerto para bebês deste tamanho. Não há nenhuma anormalidade congênita que ocorra apenas em bebês de pacientes com lúpus (exceto como descrito abaixo), e nenhuma freqüência anormal de retardamento mental.

Meu bebê terá lúpus?

Cerca de 1/3 das pacientes com lúpus têm um anticorpo conhecido como anti-Ro ou anti-SSA. Aproximadamente 10 porcento das mulheres com anti-Ro, ou cerca de 3 porcento de todas as mulheres com lúpus, vão ter um bebê com uma síndrome conhecida como lúpus neo-natal. Lúpus Neo-natal não é LES. Ele consiste de um(a) RASH passageiro(a), anormalidades na contagem sangüínea também passageiras, e um tipo especial de anormalidade no batimento cardíaco. Se a anormalidade nos batimentos cardíacos ocorrer, o que é muito raro, ela é passível de tratamento; mas é permanente. O lúpus neo-natal é o único tipo de anormalidade congênita encontrada em crianças cujas mãe tem lúpus. Bebês com lúpus neo-natal que não têm o problema no coração, não apresentam nenhum traço da doença já pelos 3-6 meses de vida, e ela não reaparece. Mesmo bebês com a anormalidade nos batimentos cardíacos crescem normalmente. Se uma mão teve um filho com lúpus neo-natal, há cerca de 25 porcento de chances de dar à luz outra criança com o mesmo problema.

Vou precisar fazer uma cesariana?

Bebês muito prematuros, ou que mostrem sinais de estresse, bebês de mães que tenham baixo número de plaquetas, e bebês de mães que estejam muito doentes são quase sempre nascidos de cesariana. Este é, normalmente, o método mais rápido e seguro de nascimento para esses casos. Normalmente, a decisão sobre o tipo de parto não é tomada com antecipação devido às circunstâncias específicas do momento do parto.

Posso amamentar?

Apesar da amamentação ser possível para pacientes com lúpus, o leite materno pode não descer se o bebê for muito prematuro porque eles não são fortes o bastante para sugar, e assim, não podem ingerí-lo. Contudo, o leite pode ser bombeado do seio para alimentar um bebê prematuro que não seja forte para sugar, isso se a mãe assim desejar. Plaquinol e as drogas citotóxias (Cytoxan, Imuran) passam para o bebê através do leite. Alguns medicamentos, como a Prednisona, podem impedir a produção do leite. Se você estiver ingerindo algum medicamento é melhor não amamentar, mas se o seu médico permitir você pode fazê-lo.

Quem vai tomar conta do bebê?

Futuros pais não perguntam normalmente o que vai acontecer após o nascimento do bebê se a mãe estiver doente e incapacitada de cuidar da criança. Já que é possível que uma paciente com lúpus tenha futuros períodos de doença, é prudente considerar a possibilidade e ter planos alternativos para os cuidados da criança (esposo, avós etc.) se necessários


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Novas descobertas sobre as doenças autoimunes - O que a ciência tem revelado sobre males como lúpus e esclerose múltipla

Diante de incertezas e acasos, o ser humano tenta encontrar uma explicação para fatos à primeira vista inexplicáveis. E um deles é a existência de doenças autoimunes. Os cientistas ainda tateiam em busca de motivos pelos quais nossas próprias defesas passariam a encarar o organismo como um adversário em um campo de batalha. A herança genética, é quase certo, tem parcela de culpa nesse desatino do sistema imunológico. Até aí, não há mesmo o que fazer. O curioso é que muita gente, apesar da predisposição, passa a vida toda sem experimentar essa reação masoquista dos guardiões do corpo. “Isso é o maior sinal de que fatores ambientais atuariam como estopins importantes para a autoagressão”, opina o reumatologista Luis Eduardo Andrade, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Pesquisadores dos quatro cantos do globo querem decifrar quais seriam esses gatilhos. Um grupo do National Institute of Environmental Health Sciences, nos Estados Unidos, investigou o impacto dos raios ultravioleta do sol nos autoataques do corpo. Eles analisaram 380 pacientes diagnosticados com uma doença autoimune que acomete a pele, a dermatomiosite. Colheram amostras de sangue e verificaram a presença de um anticorpo específico, associado à exposição excessiva ao sol. “Confirmamos que a radiação altera o DNA das células cutâneas, o que aumenta, sobretudo nas mulheres, o risco de o organismo enxergá-las como estranhas, desencadeando o problema”, revela Frederick Miller, o autor do estudo.

Outra descoberta vem da Universidade da Califórnia, também nos Estados Unidos. Ali, os investigadores alteraram ratos, retirando de seus macrófagos — integrantes do sistema imune — uma proteína chamada TLR4. Depois, alimentaram os animais com uma dieta gordurosa, até que atingissem a faixa do sobrepeso. Ao contrário das cobaias normais, as modificadas não apresentaram inflamações nem resistência à insulina — reações esperadas quando se engorda demais. Ou seja, seria a tal proteína que ativaria a resposta imune à gordura. “Esse resultado é instigante, mas precisamos de mais estudos”, diz a reumatologista Maria Helena Kiss, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Recentemente na Suíça, na última reunião da Liga Europeia contra o Reumatismo — mal também causado pelas defesas do corpo —, os especialistas identificaram outras faíscas que fariam o sistema imunológico pegar fogo. “Parece que o cigarro e o consumo excessivo de café são capazes de tirá-lo do prumo”, revela a reumatologista Evelyn Goldenberg, da Unifesp. O estresse, as infecções sucessivas e até as pílulas anticoncepcionais completam a lista de suspeitos.

Quanto mais cedo forem detectados o reumatismo e outras encrencas autoimunes, menores os riscos de complicação grave. “Febre, sensação de fadiga, manchas avermelhadas na pele e dor nas articulações nunca devem ser subestimados”, avisa Maria Helena Kiss. Infelizmente, ainda não existe uma cura definitiva para esses males. O que se consegue, com os recursos modernos, é minimizar seus estragos e proporcionar maior bem-estar. Conheça, a seguir, o que é possível fazer nas principais enfermidades provocadas pelo sistema imunológico.

Câncer: por que ele acontece?

CÂNCER: por quê?
Ele ainda intriga médicos, cientistas e pacientes. Apesar dos avanços no tratamento e no diagnóstico, os especialistas ainda não têm respostas definitivas sobre a sua gênese

por Fábio De Oliveira | design Giovanni Tinti

O organismo humano passa por uma renovação constante. Isso porque a maioria de seus 100 trilhões de células têm prazo de validade. Nesse meio-tempo, obedecendo a comandos moleculares, essas unidades microscópicas se dividem, dando origem a novos exemplares. Mas alguns deles podem sair da linha de montagem com defeito de fabricação. As células defeituosas, no entanto, costumam ser pouco longevas.

O organismo dispõe de vários mecanismos para eliminá-las, não permitindo que elas se reproduzam, explica o oncologista clínico Artur Katz, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. E esses mecanismos fiscalizam uns aos outros, se complementando. "É como se fosse um controle de qualidade. Ele precisa ser perfeito", acrescenta o cirurgião oncologista Benedito Mauro Rossi, do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista. "Veja o caso das células do intestino", continua Rossi. "Elas existem aos milhões e se renovam a cada 48 horas. Imagine esse processo ad continuum? Daí a necessidade de uma monitoração constante do próprio corpo."

Dessa forma, uma célula recém-saída do forno e que foge aos padrões de excelência, com profundas alterações em seu material genético, se autodestrói. Esse suicídio celular, conhecido como apoptose, vem à tona graças a uma série de reações deslanchadas por uma proteína encontrada no núcleo, a p53. Só que, por algum motivo, todo esse esquema de proteção às vezes entra em pane e a célula defeituosa começa a se multiplicar loucamente. É a gênese do tumor. Mas por que isso acontece? E por que algumas pessoas desenvolvem câncer e outras não? Como preveni-lo? O neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber foi atrás de algumas respostas para essas questões.

Servan-Schreiber lançou na França, no segundo semestre do ano passado, o livro Anticancer (Éditions Robert Laffont) anticâncer, em português , obra que já vendeu quase 800 mil exemplares por lá. Aos 46 anos, ele descobriu que tinha um tumor cerebral aos 31, no auge de sua carreira científica. Quase duas décadas mais tarde e depois de uma recidiva, o neuropsiquiatra mergulhou numa série de estudos sobre a doença e chegou à conclusão de que hábitos como a alimentação e afins, mais do que os genes, são os grandes responsáveis pelo crescimento de casos de tumores, sobretudo nos países ocidentais. Servan-Schreiber cita os resultados de um trabalho dinamarquês para comprovar sua tese.

Duas Novidades Sobre o Cancêr - A nova pista está no sangue

Em busca de sinais precoces da doença, cientistas da Universidade de Dublin, na Irlanda, descobriram moléculas de açúcar que podem denunciar a presença de tumores. É que algumas delas se ligam a proteínas produzidas pelas células cancerosas. Assim, a idéia é usá-las como marcadores de tumores. Daí, bastaria realizar um exame de sangue. “Mas devemos esperar pelo menos uma década para o método tornar-se realidade”, estima o oncologista Bernardo Garicochea, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

DEDO-DURO DE TUMORES
Veja como certos açúcares encontrados no sangue poderão acusar a existência de um câncer

1. As células do tumor fabricam proteínas que nem sempre podem ser identificadas com precisão. Pesquisadores irlandeses observaram que, ligadas a elas, existem moléculas específicas de açúcar.

2. Depois de extraídas do sangue, essas moléculas são separadas das proteínas e submetidas à ação de enzimas, que as quebram em frações menores. Esses pedacinhos, por sua vez, ganham uma identificação, que permitirá apontar a existência de um tumor.

A cura dos tumores?
Pesquisadores da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, desenvolveram uma terapia que extinguiu o câncer em ratos. O tratamento consiste em transpor células de defesa dos bichos resistentes ao problema a portadores do mal. Os testes em seres humanos devem começar em breve. “Mas existe uma grande diferença entre as respostas imunológicas obtidas em ratos de laboratório e as ocorridas dentro do corpo humano, que são muito mais complexas”, pondera o oncologista Marcelo Fanelli, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

Boa pergunta
“QUAL DEVO APLICAR PRIMEIRO NO ROSTO: CREME PARA TRATAR PROBLEMAS DE PELE OU PROTETOR SOLAR? UM PODE ANULAR O OUTRO?”
Ivonete Poerner, por e-mail.

Comece pelo creme e só depois passe o protetor”, ensina a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. “Qualquer creme medicinal age ao penetrar na pele. Já o protetor fica na superfície cutânea. Dessa forma, se for aplicado primeiro pode barrar o efeito do medicamento”, continua Denise. Seu colega Heitor Gonçalves, de Fortaleza, no Ceará, informa que já existem cremes com filtro solar. “Converse com um dermatologista, que indicará o produto de acordo com a necessidade.” (E.M.)

Sim, estresse favorece o câncer

São cada vez mais fortes as evidências de que hormônios liberados em estados de tensão exacerbada agem sobre os tumores, ajudando-os a crescer e se espalhar

por Michelle Veronese | design Giovanni Tinti | fotos Gustavo Arrais

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É um sobe-e-desce perigoso. Quando o estresse aumenta a imunidade vai lá para baixo e elevam-se os riscos de o corpo adoecer. Dessa gangorra surgem gripes, dores de cabeça, mal-estar... Até aí nenhuma novidade. Mas nos Estados Unidos os especialistas do M.D. Anderson, centro de pesquisa sobre câncer ligado à Universidade do Texas — um dos maiores pólos mundiais de investigação dessa doença —, notaram que o estresse desencadeia outro arriscado efeito dominó capaz de acelerar o desenvolvimento de células malignas no organismo.

Para chegar a essa conclusão a equipe comandada pelo oncologista Anil Sood injetou células cancerosas em camundongos. Eles então observaram como a doença evoluía entre as cobaias estressadas e aquelas poupadas de situações de tensão. No grupo de roedores submetidos a várias horas de confinamento por dia — experiência que os deixava nervosos pra valer — os tumores cresceram de duas a três vezes mais rápido em comparação com os que viviam em clima de relax. O câncer ainda se espalhou pelo fígado e pelo baço nos animais estressados. Nos camundongos da turma do sossego a doença não só avançou lentamente como deixou de invadir outros órgãos.

IMAGEMTXTOlhando os tumores de perto, os oncologistas perceberam o que estava acontecendo. "Quando o estresse chega a níveis crônicos, aumenta a quantidade de hormônios adrenérgicos, da família da adrenalina", explica Anil Sood em entrevista à SAÚDE!. "Descobrimos que essas substâncias se unem a receptores nas células do tumor, acelerando o surgimento dos vasos sangüíneos que o alimentam para crescer." A descoberta acaba de ser publicada na conceituada revista inglesa Nature Medicine e reacende o debate: será que o estresse pode mesmo causar o câncer?

"Já se imaginava que a tensão constante pudesse prejudicar a resposta imunológica", comenta a médica Nise Yamagushi, presidente da Sociedade Paulista de Oncologia. "Mas o fato de ela agir na célula tumoral é um dado novo." Para o oncologista Daniel Luiz Gimenez, do Hospital do Câncer de São Paulo, a pesquisa do M.D. Anderson é um passo importante para estabelecer os elos químicos entre mente e corpo. "Mas é bom lembrar que nem sempre o que acontece em animais pode ser reproduzido em humanos", pondera.

O próprio Amil Sood, coordenador do estudo, lembra que ele e seu time não descobriram que estresse causa câncer, mas que é capaz de agravar a doença. Sua investigação revelou outro dado importante: quando os animais estressados foram tratados com propalonol, um medicamento indicado para a hipertensão porque diminui a contração dos vasos provocadas pelos hormônios do estresse, os tumores pararam de crescer e proliferar. "Se uma droga como essa é capaz de bloquear o efeito do estresse no tumor e interromper sua evolução, ela poderá se tornar muito útil no futuro", diz Sood.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tribuna do Sol - Com dedicação mil !!! Na divulgação da Lúpus no Estado do Piauí


Dia Mundial do Lúpus com programação em Teresina


A Associação dos Amigos e Pacientes com Lúpus do Piauí (Amplu) promove, na segunda-feira (10), uma programação para marcar o Dia Mundial do Lúpus, com o objetivo de chamar à atenção sobre a doença.

Segundo a vice-presidente da Amplu, Clene Ferreira Candido, o evento será realizado no Clube dos Diários, a partir das 09h00, e contará com palestras, debate e apresentação cultural. O evento será destinado ao público em geral e portadores da doença.

A Amplu teve início em 2005, a partir de estudos em torno da temática, gênero e psicossomática. Desde então, o grupo vem se reunindo mensalmente, na sede do Auditorio do Lineu Araujo.

“O objetivo da associação é oferecer apoio tanto aos pacientes como aos familiares, e também orientar os portadores da doença sobre o acesso à medicação adequada”, informou a vice-presidente da Amplu, Clene Ferreira Candido.

Doença - O lúpus eritematoso é uma doença crônica, não contagiosa e auto-imune, de causas desconhecidas, que atinge o sistema imunológico, principalmente o das mulheres. Uma pessoa com lúpus desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células, podendo atingir a pele, articulações, rins e outros órgãos. O controle é através de medicamentos, que permitem pacientes que têm lúpus viverem quase que normalmente. Acomete mais as mulheres que homens, sendo a probabilidade de 9 mulheres
para 1 homem.

O evento no dia 10 de maio marca o Dia Mundial do Lúpus que contará com palestras, verificação de pressão arterial e também terá a participação do Instituto Embelleze com profissionais realizando um dia de beleza com cortes de cabelo e maquiagem gratuitamente.


MAIORES DETALHES NO SITE TRIBUNA DO SOL:

http://www.tribunadosol.com.br/coluna.asp?id=62939&s=6