quarta-feira, 19 de maio de 2010

Duas Novidades Sobre o Cancêr - A nova pista está no sangue

Em busca de sinais precoces da doença, cientistas da Universidade de Dublin, na Irlanda, descobriram moléculas de açúcar que podem denunciar a presença de tumores. É que algumas delas se ligam a proteínas produzidas pelas células cancerosas. Assim, a idéia é usá-las como marcadores de tumores. Daí, bastaria realizar um exame de sangue. “Mas devemos esperar pelo menos uma década para o método tornar-se realidade”, estima o oncologista Bernardo Garicochea, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

DEDO-DURO DE TUMORES
Veja como certos açúcares encontrados no sangue poderão acusar a existência de um câncer

1. As células do tumor fabricam proteínas que nem sempre podem ser identificadas com precisão. Pesquisadores irlandeses observaram que, ligadas a elas, existem moléculas específicas de açúcar.

2. Depois de extraídas do sangue, essas moléculas são separadas das proteínas e submetidas à ação de enzimas, que as quebram em frações menores. Esses pedacinhos, por sua vez, ganham uma identificação, que permitirá apontar a existência de um tumor.

A cura dos tumores?
Pesquisadores da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, desenvolveram uma terapia que extinguiu o câncer em ratos. O tratamento consiste em transpor células de defesa dos bichos resistentes ao problema a portadores do mal. Os testes em seres humanos devem começar em breve. “Mas existe uma grande diferença entre as respostas imunológicas obtidas em ratos de laboratório e as ocorridas dentro do corpo humano, que são muito mais complexas”, pondera o oncologista Marcelo Fanelli, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

Boa pergunta
“QUAL DEVO APLICAR PRIMEIRO NO ROSTO: CREME PARA TRATAR PROBLEMAS DE PELE OU PROTETOR SOLAR? UM PODE ANULAR O OUTRO?”
Ivonete Poerner, por e-mail.

Comece pelo creme e só depois passe o protetor”, ensina a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. “Qualquer creme medicinal age ao penetrar na pele. Já o protetor fica na superfície cutânea. Dessa forma, se for aplicado primeiro pode barrar o efeito do medicamento”, continua Denise. Seu colega Heitor Gonçalves, de Fortaleza, no Ceará, informa que já existem cremes com filtro solar. “Converse com um dermatologista, que indicará o produto de acordo com a necessidade.” (E.M.)

Sim, estresse favorece o câncer

São cada vez mais fortes as evidências de que hormônios liberados em estados de tensão exacerbada agem sobre os tumores, ajudando-os a crescer e se espalhar

por Michelle Veronese | design Giovanni Tinti | fotos Gustavo Arrais

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É um sobe-e-desce perigoso. Quando o estresse aumenta a imunidade vai lá para baixo e elevam-se os riscos de o corpo adoecer. Dessa gangorra surgem gripes, dores de cabeça, mal-estar... Até aí nenhuma novidade. Mas nos Estados Unidos os especialistas do M.D. Anderson, centro de pesquisa sobre câncer ligado à Universidade do Texas — um dos maiores pólos mundiais de investigação dessa doença —, notaram que o estresse desencadeia outro arriscado efeito dominó capaz de acelerar o desenvolvimento de células malignas no organismo.

Para chegar a essa conclusão a equipe comandada pelo oncologista Anil Sood injetou células cancerosas em camundongos. Eles então observaram como a doença evoluía entre as cobaias estressadas e aquelas poupadas de situações de tensão. No grupo de roedores submetidos a várias horas de confinamento por dia — experiência que os deixava nervosos pra valer — os tumores cresceram de duas a três vezes mais rápido em comparação com os que viviam em clima de relax. O câncer ainda se espalhou pelo fígado e pelo baço nos animais estressados. Nos camundongos da turma do sossego a doença não só avançou lentamente como deixou de invadir outros órgãos.

IMAGEMTXTOlhando os tumores de perto, os oncologistas perceberam o que estava acontecendo. "Quando o estresse chega a níveis crônicos, aumenta a quantidade de hormônios adrenérgicos, da família da adrenalina", explica Anil Sood em entrevista à SAÚDE!. "Descobrimos que essas substâncias se unem a receptores nas células do tumor, acelerando o surgimento dos vasos sangüíneos que o alimentam para crescer." A descoberta acaba de ser publicada na conceituada revista inglesa Nature Medicine e reacende o debate: será que o estresse pode mesmo causar o câncer?

"Já se imaginava que a tensão constante pudesse prejudicar a resposta imunológica", comenta a médica Nise Yamagushi, presidente da Sociedade Paulista de Oncologia. "Mas o fato de ela agir na célula tumoral é um dado novo." Para o oncologista Daniel Luiz Gimenez, do Hospital do Câncer de São Paulo, a pesquisa do M.D. Anderson é um passo importante para estabelecer os elos químicos entre mente e corpo. "Mas é bom lembrar que nem sempre o que acontece em animais pode ser reproduzido em humanos", pondera.

O próprio Amil Sood, coordenador do estudo, lembra que ele e seu time não descobriram que estresse causa câncer, mas que é capaz de agravar a doença. Sua investigação revelou outro dado importante: quando os animais estressados foram tratados com propalonol, um medicamento indicado para a hipertensão porque diminui a contração dos vasos provocadas pelos hormônios do estresse, os tumores pararam de crescer e proliferar. "Se uma droga como essa é capaz de bloquear o efeito do estresse no tumor e interromper sua evolução, ela poderá se tornar muito útil no futuro", diz Sood.

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